BETH GUZZO

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


De Carona Com Beth Guzzo

Após cinco anos de reclusão, ela volta para parar o trânsito
  • Texto: Adriana Bernardino
  • Foto: da autora
(13-09-2007) - “Você leva”. A assessora entrega as chaves do carro para Beth Guzzo, 32, um ritual seguido pela maioria das amigas da cantora. “É porque eu adoro dirigir”, explica a cantora, que guiará oFord Focus da amiga da Vila Mariana a Santa Cecília, centro da cidade de São Paulo, onde vive com a mãe e a irmã. Lá, ela irá trocar pelo seu Fiat Stilo e guiará para mais uma noite de ensaio.

Do estúdio, onde grava seu 9º CD – e 1º depois de cinco anos de reclusão – Beth caminha até o estacionamento. Ela é dessas mulheres em que a feminilidade se manifesta sem artifícios. Sem nenhuma maquiagem e depois de três semanas exaustivas de trabalho, ainda pára o trânsito literalmente. Longas pernas douradas, longos cabelos pretos, lânguido olhar. Os homens se ajeitam para vê-la passar, se agitam, torcem o pescoço.

Beth não se impressiona. Ou já se acostumou aos olhares ou tem segurança que dispensa o autodeslumbramento. Ela fala menos de seus feitos e vantagens – na verdade, fala muito pouco – que de suas dores e aprendizados.

A morte do pai – Valentino Guzzo, a “Vovó Mafalda” do programa do Bozo –, por exemplo, gerou transformações profundas na jovem. “Entrei em depressão. Fiquei cinco anos sem fazer nada. Reavaliei minha vida, minhas escolhas”.

Ter chegado, após esse período, à conclusão de que o meio artístico era sua vocação, deu a Guzzo novos rumos. Além do novo CD com 15 canções sertanejas, que sairá pela gravadora Arlequim, a cantora estreará também no teatro com a peça “As Mulheres do Chefe”, dirigido por Mauricio Canguçu, texto de Ronaldo Ciambroni (Acredite um espírito baixou em mim), no elenco, além de Beth, estão Patricia Rinaldi, Lívia Andrade e Marisa Maia.

Na TV, ela é uma das atrizes do programa Sem Controle e, na outra parte do tempo, faz shows por todo o Brasil. Haja fôlego!

Às quatro da tarde, o trânsito de São Paulo já está intenso. A motorista interrompe a conversa. Estuda o melhor trajeto para Adão da Viola, seu produtor, também de carona. A escolha dela, “vou lhe ensinar um novo caminho”, é mais demorada que o proposto por ele. Tudo bem, estar no carro, para ela, é estar em paz. “Não me estresso no trânsito. Fico mais preocupada com o trabalho”, diz.

Faz 19 anos que Beth canta, começou aos 13. Colocava um ventilador a sua frente e fazia sua performance com os cabelos ao vento. Ela dá uma palhinha no carro. Uma música que compôs antes da morte do pai. A voz é bonita, afinada. 

“Hoje a saudade me fez recordar
aquele rosto lindo aquele olhar
que um dia foi embora sem nada dizer
Tem amor que não dá pra esquecer”


Ela canta outra, inspirada em uma antiga e rápida paixão. “Eu gostava dele, mas não era correspondida”. O sofrimento, a cantora concorda com o dito por aí, ainda é a melhor inspiração. “Para criar, nada como tomar um fora”, confessa.

Chegamos ao estacionamento do prédio de Guzzo. É hora de trocar de carro. “Gosto dos modelos grandes, confortáveis, com direção hidráulica.” O Stilo prata , tem poucos acessórios. Uma garrafa d’água, que ela guarda na “geladeirinha” acima do porta-luvas, os CD’s de Ana Carolina e Seu Jorge, e Marisa Monte e um terço no retrovisor. O desejo de proteção está também nas chaves do carro, um patuá de Salvador.

Será que ela ouve a própria música enquanto dirige? “Já me escuto o dia inteiro. No carro quero ouvir outras coisas”. Marisa é a preferida pela manhã, quando ela sai para gravações no SBT. “É uma delícia ouvi-la dirigindo”.

O porta-luvas de Beth é uma surpresa. Há um mapa do país, que ela nunca usou e não sabe como foi parar lá. “Nossa, o que tem aqui?”. Parece que o local está sendo desbravado pela primeira vez. 

Desbravar, aliás, é a palavra que marca o recomeço de Guzzo. Intensa, como ela se define, trafega de entre possibilidades, interessa-se por experiências que propiciem o autoconhecimento, por incensos, por alimentos sem lactose, restaurante gregos onde se possa quebrar pratos.

Dirigir na estrada também é bom. Na vida, com ela, de carona vão a saudade do pai (sempre), o carinho da mãe, a inspiração dos amores bem ou mal-sucedidos e os desafios. Agora, é esperar outubro e conferir o resultado do percurso de Beth Guzzo no novo CD.



 
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